Quatro meses após a deflagração da Operação Sem Desconto (abril), que desvendou um esquema de descontos ilegais em benefícios do INSS, os principais responsáveis pelos desvios ainda não foram identificados pela Polícia Federal.
A investigação conjunta da PF e da CGU revelou um prejuízo de R$ 6,3 bilhões nas aposentadorias e pensões entre 2019 e 2024. Na ocasião, 211 mandados de busca e apreensão e seis prisões temporárias foram realizados em 13 estados e no DF. Desde então, também houve apreensão de bens, como 60 veículos de luxo, 141 joias e R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo, além de bloqueio judicial de R$ 23,8 milhões relacionados a suspeitos.
No entanto, segundo o delegado da PF, Carlos Henrique de Sousa, que atua direto no caso, “a investigação ainda está no início” e pode abranger muito mais envolvidos. A PF trabalha com um efetivo de cerca de 50 investigadores em diversas frentes, inclusive rompendo estruturas associativas, buscando provas e rastreando ganhos ilícitos.
Enquanto isso, o INSS lançou um amplo programa de ressarcimento aos beneficiários que sofreram descontos não autorizados. Milhões de aposentados já iniciaram o processo via aplicativo Meu INSS, e o Governo Federal antecipou o pagamento, comprometendo-se a arcar com os valores se as associações não o fizerem. A AGU também entrou com ações judiciais para recuperar os fundos e garantir o ressarcimento.
Apesar do avanço na identificação de entidades envolvidas (11 confirmadas e até 20 sob apuração), a cabeça do esquema ainda permanece protegida. A PF realizou buscas em diversos estados — como São Paulo, Sergipe, Pernambuco e Minas Gerais — apreendendo documentos e outros materiais ligados a suspeitos.
A expectativa é que novas fases da Operação Sem Desconto e continuidade do trabalho multimodal — envolvendo biometria, auditoria e controle — tragam esclarecimentos importantes. Mas, até o momento, nenhum dos líderes ou operadores centrais do esquema foi preso ou identificado pelas autoridades.
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